O francês Philippe Alliot participou de nove temporadas da Fórmula 1, tendo sempre guiado carros ruins. RAM, Ligier e Larrousse foram algumas das equipes do esforçado piloto, que nunca conseguiu na vida coisa melhor do que um quinto lugar.
Mas, pelo menos por um dia, Alliot teve o gostinho de guiar um carro de ponta. Foi em 1994, no GP da Hungria, quando foi convidado para substituir Mika Hakkinen ao volante da McLaren Peugeot.
O finlandês estava ausente por ter levado um gancho da FIA, em razão de seus freqüentes acidentes. No GP da Inglaterra, Hakkinen envolveu-se em um toque com Rubens Barrichello na última volta da corrida, quando brigava pela quarta posição. Na ocasião, tanto ele quanto o brasileiro foram punidos por conduta perigosa e pegaram uma corrida de suspensão, com direito a sursis. Porém, na etapa seguinte, na Alemanha, o finlandês provocou uma grande carambola na largada, eliminando-se da corrida e levando pelo menos mais cinco concorrentes com ele.
Como cumpria sursis, a FIA automaticamente o suspendeu da etapa seguinte, entrando Alliot em seu lugar. É curioso observar que, em 1994, a entidade foi mais rigorosa do que nunca. Suspendeu Hakkinen de uma corrida, Michael Schumacher de duas e Eddie Irvine de três. Não há registros de tantas punições em outras temporadas.
Sobre a corrida de Alliot: largou em 14º e abandonou na 21ª volta, quando era apenas 13º. Nada de excepcional. Aliás, foi a penúltima prova da carreira do francês. Duas semanas depois, ele assumia o cockpit de Olivier Beretta na Larrousse para disputar o GP da Bélgica. Foi a última vez em que guiou um F1.
Amanhã é o último dia de votação para o Prêmio iBest 2008. Se você já votou no Blog do Capelli, meu agradecimento. Se você ainda não votou e acha que este blog merece tal distinção, por favor, clique no banner abaixo do post e mande bala!
Entrei nesse concurso de brincadeira e fiquei bastante feliz com a repercussão. Até que o iBest retirasse as parciais do ar, este blog esteve sempre entre os seis mais votados, sendo o mais bem colocado dentre aqueles independentes, sem associação com nenhum portal.
Não é fácil encarar gigantes como IG, Uol e Globo.com, principalmente contra blogs de figuras populares como Flavio Gomes, Juca Kfouri e Milton Neves, além de clubes como o Flamengo.
Mas o que já veio já está bom. E se vier mais, melhor. Entre os top 10 já será uma vitória. Top 5, um sonho. Se você acha que vale, clique abaixo. Precisa de um cadastro, mas é rapidinho.
E, mais uma vez, obrigado pelas mais de quatro mil visitas por dia e pela carinhosa companhia neste último ano e meio.
Gravamos ontem à noite - ainda não está no ar, mas daqui a pouco entra - a edição 33 da Rádio GP, sexto programa de 2008. Com apresentação de Flavio Gomes, os comentários ficaram por conta de Bruno Vicaria, Luiz Alberto Pandini e este que vos fala. Os assuntos abordados foram o GP do Kansas da Fórmula Indy, a abertura da GP2 em Barcelona e, é claro, o GP da Espanha de Fórmula 1.
Para ouvir, acesse o Blog da Rádio. Ainda pela manhã, o novo programa estará disponível.
Rubens Barrichello escolheu o GP da Turquia, daqui a duas semanas, para comemorar a quebra do recorde de 256 GPs disputados, que pertence ao italiano Riccardo Patrese. Digo "escolheu" porque, na prática, ele não atingirá tal marca em Istambul, segundo os critérios estatísticos mais adequados.
O brasileiro já esteve presente em 257 finais de semana de Grande Prêmio, mas só participou de 253 corridas. Em sua própria conta, porém, ele já tem 256 GPs disputados. Por que tal discrepância?
No GP de San Marino de 1994, Barrichello bateu na sexta-feira, foi levado ao hospital e ficou impedido de correr. Esta prova ele não conta, ótimo. Mas o pomo da discórdia está em outras três corridas: GP da Bélgica de 1998 e GPs da Espanha e França de 2002. Tudo por que, nestas ocasiões, ele não estava presente no grid quando a largada oficial foi dada.
Na Bélgica, ele até largou uma vez. Foi aquela carambola histórica e, com o caos instaurado, a direção de prova anulou a partida. Uma nova largada foi dada, sem Barrichello, cuja Stewart estava destruída.
Na Espanha e na França, duas ocorrências semelhantes. Na partida para a volta de apresentação, sua Ferrari ficou estancada no grid. Os mecânicos recolheram o carro para o box e Rubens Barrichello não pôde correr.
Sendo assim, tais etapas não devem ser consideradas como GPs disputados, pois o piloto não participou de nenhum trecho do Grande Prêmio. Mas, na conta de Barrichello, elas valem.
A grande incoerência, no entanto, está no uso de critérios distintos para configurar tal recorde. Se partirmos da premissa de que "conseguiu classificação para o grid, estava presente no autódromo, então vale", Barrichello terá mesmo 256 GPs. Porém, se o mesmo critério for adotado para Riccardo Patrese, ele continua sendo o recordista. O italiano teria 257 corridas no currículo, já que esteve presente no GP da Argentina de 1979, conseguiu classificação para o grid de largada, mas não alinhou por problemas mecânicos. Ou seja: não houve recorde igualado de 256 GPs na Espanha. No máximo, o recorde de 257 participações em finais de semana.
Como se vê, o piloto deve ter contratado o mesmo matemático que calculou os mil gols do Romário e os mil GPs narrados do Galvão Bueno. Confira na tabela abaixo:
Deixei passar essa batida, mas o Leandro Alvares enviou e-mail avisando. Pela primeira vez, desde 1983, um Mundial de Fórmula 1 começa com quatro pilotos diferentes fazendo a pole position nas quatro primeiras etapas.
Se a Ferrari domina a classificação entre os pilotos e os construtores, pelo menos em algo estamos vendo um certo equilíbrio.
Para conferir o levantamento completo, visite o Stop & Go Brasil.
Positivo: Lewis Hamilton. Depois de duas corridas muito ruins, andou muito bem na Espanha e voltou a ser o piloto de ponta da temporada passada.
Negativo: Nelsinho Piquet. Embora tenha feito bons treinos na sexta e tenha conseguido sua melhor posição no grid, jogou tudo por terra com uma corrida desastrosa.
- Em corrida monótona, como de hábito na Espanha, Raikkonen venceu com tranqüilidade. Largou na frente, era o mais rápido da pista e não sofreu qualquer ameaça o tempo inteiro. A Ferrari sobra em 2008.
- Felipe também não teve muitas dificuldades pra chegar em segundo, muito por sua ótima largada, ultrapassando Alonso. Tivesse contornado a primeira curva em terceiro, teria a vida complicada.
- Lewis Hamilton, o terceiro, também fez uma ótima largada, saltando à frente de Kubica. Com isso, praticamente garantiu o terceiro posto desde o começo, já que todos sabiam que Alonso não tardaria a parar nos boxes.
- A McLaren mostrou hoje que, em ritmo de corrida, está junto da BMW como segunda melhor equipe. Mas a Ferrari não sofre ameaça nenhuma.
- Assustador o acidente de Heikki Kovalainen, passando reto em alta velocidade depois de ter um pneu furado e ficando soterrado na barreira de pneus. Preocupante também a demora no resgate, que levou quatro minutos para conseguir içar o carro do local. Tivesse Kovalainen sofrido uma parada respiratória ou o carro sido incendiado, tal demora poderia ter sido fatal. Felizmente, nada de grave aconteceu. apesar da desaceleração foi violenta.
- Fernando Alonso fez o que pôde para agradar a torcida. Certamente, chegaria em quinto lugar, mas teve seu motor quebrado.
- Nelsinho Piquet foi uma decepção. Manteve a décima posição na largada, mas saiu da pista sozinho na quinta volta, caindo para 18º. Duas voltas depois, tocou rodas com Sebastien Bourdais, saiu da pista e abandonou. Já são quatro corridas e o brasileiro continua devendo.
- Rubens Barrichello, discreto, chegaria nos pontos não tivesse se tocado com Giancarlo Fisichella dentro do pit lane após seu primeiro pit stop. Uma manobra totalmente desnecessária, mas as imagens da TV não foram claras e não foi possível concluir quem forçou para cima de quem. De qualquer forma, bater no pit lane não é digno de dois dos mais experientes pilotos do grid. Jenson Button, companheiro de Barrichello na Honda, garantiu os primeiros três pontos da equipe com um ótimo sexto lugar. O brasileiro segue zerado, num jejum que já dura um ano e meio.
- Mas não são só os experientes que fazem bobagem. Sebastian Vettel anda abusando da sorte, tendo abandonado três das quatro corridas da temporada até aqui em acidentes na primeira volta. Adrian Sutil, que provocou toda a confusão, também é outro que está devendo.
- Kazuki Nakajima colocou a cabeça no lugar e fez uma corrida focada, marcando mais dois pontos para a Williams.
- Montmeló expõe, como nenhum outro traçado, a fragilidade do regulamento técnico atual da Fórmula 1. Uma corrida praticamente sem ultrapassagens e com duas imagens emblemáticas. Nick Heidfeld, de BMW, sofrendo para ultrapassar Fisichella, de Force India. Só conseguiu quando o italiano errou na entrada da reta. E David Coulthard, que era de dois a três segundos mais rápido que a Super Aguri de Takuma Sato por volta, tendo imensas dificuldades para superar o adversário. Que venham os slicks!
- Nos campeonatos, corrida para a Ferrari disparar. Entre os pilotos, Kimi abriu confortável vantagem de nove pontos para Hamilton. Felipe é o quarto, 11 pontos atrás. Entre os construtores, a Ferrari ultrapassou a BMW e já colocou logo 12 pontos de frente. Salvo alguma surpresa, será a tônica até o final da temporada.
Depois de quase dois anos de jejum, a equipe Renault finalmente volta a largar na primeira fila de um Grande Prêmio. A façanha foi de Fernando Alonso, segundo colocado na classificação de hoje na Espanha.
A última vez em que um carro da equipe francesa havia saído entre os primeiros foi no GP da China de 2006, com pole do próprio Alonso e segundo lugar de seu companheiro Giancarlo Fisichella. De lá para cá, a Renault disputou 22 corridas sem conseguir nenhuma posição melhor no grid do que um quarto lugar, resultado de Fisichella em Mônaco, no ano passado.
- Num treino mais disputado do que se imaginava para Montmeló, Kimi Raikkonen saiu com a pole position. Surpresa, mesmo, foi o segundo lugar de Fernando Alonso.
- É muito provável que o espanhol tenha jogado para a torcida e esteja com um carro muito leve, preparado para um primeiro pit stop logo a 10 ou 12 voltas. Mesmo assim, foi um feito. É muito bom voltar a ver Alonso andando na ponta.
- Felipe Massa sai em terceiro, com grandes chances de ver sua corrida complicada por seu desafeto da Renault. Provavelmente o brasileiro tem um pouco mais de combustível, beneficiado que deve ser na estratégia por ter sido mais rápido que Raikkonen na Q2. A perda da pole até já devia ser esperada, mas Felipe certamente contava em seguir o companheiro de perto até o momento do primeiro pit stop, para então dar uma ou duas voltas rápidas e ganhar a posição nos boxes. Com Alonso entre eles, a tarefa fica bem mais difícil. Ou Massa se livra dele logo nas duas primeiras voltas, ou perde qualquer chance de vitória.
- McLaren irreconhecível. Hamilton em quinto, Kovalainen em sexto. Ao que parece, a BMW já virou segunda força. Na corrida, teremos certeza.
- Bom treino de Nelsinho Piquet, pela primeira vez classificado entre os dez primeiros. Se bobear, tem uma estratégia de combustível melhor que a de Alonso e, se andar num ritmo tão próximo do espanhol como fez nos treinos, pode até chegar na frente do companheiro bicampeão.
- Rubens Barrichello também foi uma boa surpresa na classificação, marcando um 11º posto que, como ele próprio admitiu, é melhor do que qualquer previsão mais otimista da Honda. Pode voltar a marcar pontos, quem sabe? Seria um belo prêmio na corrida escolhida para comemorar o recorde de GPs disputados, numa conta "Romariana", como bem definiu Flavio Gomes.
- A surpresa negativa foi a Williams, que fez o 12º tempo com Nakajima e o 15º para Rosberg. O japonês conseguiu sua melhor posição no grid até hoje, mas o filho do Keke andou muito mal. Freqüentador habitual da superpole, dessa vez passou longe.
- David Coulthard precisa se aposentar. Mais uma vez, caiu na primeira degola. Mais uma vez, viu seu companheiro Webber na superpole, com um ótimo sétimo lugar. Vettel na Red Bull, já.
- Davidson e Sato dividem a última fila naquela que deve ser a última corrida da Super Aguri. Uma pena.
- Palpite para amanhã: Dá Raikkonen, com Massa em segundo e Kubica em terceiro.
Raramente, desde os anos 90, a Espanha é palco de uma grande corrida de Fórmula 1. Além de ser utilizado para testes das equipes durante toda a pré-temporada, o circuito de Montmeló praticamente não possui pontos de ultrapassagem. O resultado? Provas monótonas e previsíveis, com raros lances de emoção.
Mas nem sempre foi assim. Na estréia do circuito catalão, em 1991, a exibição foi de gala. Uma corrida que podia decidir o título, movimentada e cheia de alternativas. E, de quebra, com lances antológicos.
O GP da Espanha daquele ano era a antepenúltima prova do campeonato, disputada em setembro. Nigel Mansell e Ayrton Senna brigavam pelo título, com grande vantagem para o brasileiro. Com 24 pontos atrás na tabela, um simples abandono de Mansell definiria o campeonato a favor do piloto da McLaren. O inglês não poderia, também, chegar abaixo do terceiro lugar. E, se fosse segundo, Senna teria de chegar abaixo do quarto posto para que o título continuasse em aberto. Em resumo: para o Leão, era vencer ou vencer.
Nos treinos, Gerhard Berger marcou a pole position. Mansell foi o segundo e Senna, o terceiro. A estratégia da McLaren para a corrida era deixar Berger fazer as vezes de coelho, disparando na ponta, enquanto Senna, largando do lado limpo da pista, tentaria pular na frente de Mansell e segurar o ritmo. O inglês sempre foi instável psicologicamente e o time de Ron Dennis jogava com isso. A intenção era deixar o adversário nervoso ao perceber Berger desgarrando na frente e forçá-lo a um erro. Conhecendo Mansell, era um cenário bem provável.
Chega o dia da corrida e uma fina garoa cobre o Circuito da Catalunha desde cedo. Na hora da largada, a pista permanece úmida, fazendo com que todos saiam com pneus de chuva. Ao acender das luzes verdes, tudo ocorre tal qual o script da McLaren. Berger pula na ponta e Senna arranca muito bem, tomando o segundo lugar de Mansell. Melhor ainda: algumas curvas depois, o atrevido Michael Schumacher, em apenas sua quarta corrida de Fórmula 1, não toma conhecimento da Williams do Leão e o ultrapassa também, assumindo o terceiro posto.
Mas Nigel Mansell estava inspirado, mesmo com um tornozelo machucado depois de uma partida de futebol na sexta-feira. Manteve a calma, ficou mais uma volta atrás de Schumacher e recuperou a posição logo depois. Enquanto Senna segurava o ritmo e permitia que Berger abrisse oito segundos na frente, o inglês foi à caça. Na abertura da quinta volta, uma cena que se tornou antológica. Mansell entra na reta embutido na McLaren de Senna e tira para o lado interno para tentar a ultrapassagem. Os dois descem a reta de quase 1km do circuito lado a lado, praticamente tocando rodas, até que, na freada, o inglês leva vantagem e assume a segunda posição.
Porém, o belo lance não foi decisivo para história da corrida. Cinco voltas depois, Senna e Mansell param juntos para colocar pneus slick. A McLaren trabalhou melhor, devolvendo o brasileiro à pista na frente do inglês. As posições estavam novamente invertidas.
Berger também já havia parado e caiu para segundo, entre Senna e Mansell. Mas a McLaren preferiu não modificar sua estratégia e, na passagem seguinte, o brasileiro fez sinal no meio da reta e permitiu a ultrapassagem do companheiro, como que dizendo: "vai, coelho!".
Ayrton voltou a segurar Mansell, mas sua autosuficiência nem sempre era suficiente. Na última curva do traçado, escapou na pista molhada e ficou atravessado na área de escape. Conseguiu retornar à prova, mas encheu a pista de brita e já havia caído para a sétima posição, perdendo qualquer chance de voltar a brigar pela ponta. Seu objetivo, a partir de então, era chegar em quarto lugar, contando com uma vitória de Berger para garantir o tricampeonato mundial.
Mas Mansell não estava deixando barato e partiu para um novo ataque sobre uma McLaren, agora para assumir a liderança. A diferença, que era de apenas quatro segundos, foi caindo rapidamente. Na volta 17, o inglês coloca por dentro na curva 4, escorrega de lado, faz Berger escorregar também e consuma uma linda ultrapassagem, com os dois carros derrapando na pista ainda úmida. Schumacher tentou tirar proveito para roubar o segundo lugar do austríaco, mas perdeu o controle de sua Benetton e acabou atolado na lama.
Restavam 48 voltas para o fim e a McLaren ainda contava com uma reação de Berger, mas seu carro foi perdendo rendimento até o austríaco encostar nos boxes, com pane elétrica. O sonho do tri de Senna ficava adiado.
Dali para a frente, Nigel Mansell passou a controlar a diferença para a Ferrari de Alain Prost, que herdara o segundo posto depois do abandono de Berger e dos erros de Senna e Schumacher. Lá atrás, Senna era o terceiro e se degladiava com Riccardo Patrese e Jean Alesi, mas cedeu as duas ultrapassagens, cautela um tanto incomum em sua carreira. O brasileiro preferiu não arriscar e garantir alguns pontos, pois sabia que, qualquer que fossem, tornariam sua situação muito cômoda para ser campeão no Japão.
Depois de 65 voltas, Mansell recebe a bandeira quadriculada em primeiro lugar, numa das mais difíceis vitórias de sua carreira. Com o resultado, adia a decisão do campeonato e mantém-se vivo por pelo menos mais uma corrida. Senna cruza em quinto e passa a depender de apenas mais cinco pontos em duas provas para confirmar o título, sem depender de resultados paralelos.
Em Montmeló, Mansell foi um verdadeiro anti-Mansell, com uma rara exibição de inteligência, sangue frio e autocontrole. Escapou das armadilhas de seus adversários, mas não por muito tempo. Em Suzuka, três semanas depois, a McLaren se utilizou da mesma estratégia do GP da Espanha para bater o inglês. Berger disparou na ponta e Senna ficou em segundo, controlando o ritmo. No desespero em tentar tomar a posição, Mansell afobou-se, rodou sozinho no final da reta e entregou o campeonato para Senna. O Leão voltava a ser o Leão.
Atualização: Há ótimo um resumo da corrida, em português, no Youtube.
O irlandês John Watson, como bem se sabe, nunca foi campeão mundial de Fórmula 1. Então, por que diabos ele aparece nesta foto guiando uma McLaren de nº 1?
O fato, quase inédito, ocorreu no GP da Europa de 1985. Niki Lauda, então campeão do mundo e nº 1 da McLaren, havia sofrido uma luxação no punho em um acidente no primeiro treino para o GP da Bélgica, três semanas antes, e estava fora de combate. Para substituí-lo, a equipe recorreu a John Watson, já aposentado e com uma extensa ficha de bons trabalhos prestados à McLaren no período em que correu pelo time, entre 1979 e 1983.
Na época, a FIA ainda permitia que um piloto não-campeão utilizasse o número 1 em casos excepcionais, como este. Desde então, entretanto, este expediente está proibido. Por isso, Damon Hill disputou duas temporadas pela Williams com um insólito número zero em seu carro. Nigel Mansell, campeão de 1992, havia rumado para a Indy, deixando a Williams com 0 e 2 para 1993. Alain Prost, com o carro 2, foi campeão, mas aposentou-se. Sobrou novamente o zero para Hill em 1994.
Desde 1974, quando a organização da Fórmula 1 resolveu colocar ordem nos números, apenas outro piloto não-campeão utilizou o 1 em seu carro. Foi Ronnie Peterson, em 1974 mesmo, que herdou o número pelo fato do campeão Jackie Stewart ter abandonado as pistas.
Em fins de 2004, logo após ter comprado a equipe Jaguar, a Red Bull iniciou suas atividades como equipe de Fórmula 1. Meio às pressas, ainda sem uma pintura definida, Dieter Mateschitz não teve dúvidas: arrancou o verde do carro e o fantasiou de latinha de energético. Ficou uma porcaria, mas durou muito pouco tempo. Antes da estréia, em 2005, o time lançou sua pintura definitiva em azul marinho.
Esta foto, de um dos primeiros treinos da equipe, com o suíço Neel Jani ao volante, foi uma dica do Everton Rupel.
Capelli, tem como você explicar a história do carro número 13 na F1? Porque não é mais usado? Quando isto começou? - Kyodai, Belo Horizonte/MG
Kyodai, o número 13 nunca apareceu como um número relacionado para disputar uma corrida de F1, à exceção de quem o escolheu por vontade própria. Nunca houve uma proibição explícita, mas como em quase tudo que envolve questões de superstição, na dúvida, ninguém o escolhia.
Houve apenas duas exceções até hoje. Em 1963, o mexicano Moisés Solana (foto que ilustra o post) optou por tal número para ostentar em seu BRM na sua estréia, no GP do México. Largou e chegou em 11º lugar. Treze anos depois (sem trocadilhos), a britânica Divina Galica decorou seu Surtees com o malfadado número no GP da Inglaterra, mas não obteve classificação para o grid de largada.
Manuel Blanco, colaborador do GP Total, fez uma bela coluna tratando do assunto ano passado. O tal medo do número 13 tem até nome, o que eu desconhecia: Triscaidecafobia.
Andretti Green que usa motores Honda. Honda, que é a atual equipe de Barrichello na F1. Equipe que já andou testando algumas vezes com Marco Andretti, atual piloto da... Andretti Green.
Alguém mais ouviu o alto-falante anunciar: "Entra Marco Andretti, sai Rubens Barrichello"?
A propósito: a foto que ilustra o post não é uma montagem. Trata-se de Tony Kanaan, nas 500 Milhas de Indianápolis de 2006, com o casco de Rubens Barrichello. Na F1, Rubens fez o mesmo, disputando o GP de Mônaco com o capacete de Tony.
Olá Capelli, estou mandando essa foto que achei na internet e queria saber se isso realmente aconteceu ou se é uma montagem. Se aconteceu, queria saber quem é o piloto e o ano. - Guilherme Vituri
Guilherme, esse fato realmente aconteceu. Foi em 2004, numa corrida de exibição em Laguna Seca. O piloto era o holandês Frits Kroymans, dono da revenda oficial da Ferrari na Holanda. O modelo é um F399, de 1999.
O acidente não foi assim tão forte, uma escapada a pouco mais de 120km/h. O problema foi que, com um leve toque na mureta, o carro simplesmente se desmanchou. Ninguém até hoje sabe explicar os motivos de uma quebra tão violenta.
Dois boatos tentam explicar o ocorrido. Um deles diz que Frits, por ser bastante alto, teria modificado o carro para que pudesse ficar corretamente encaixado no cockpit. Mas ele nega essa hipótese veementemente. A outra versão, a minha favorita, diz que se trata do chassi com o qual Michael Schumacher bateu no GP da Inglaterra de 1999, fraturando suas pernas. O carro, portanto, estaria com um dano estrutural e teria sido consertado apenas para ser um modelo de exibição, não estando preparado para agüentar o impacto de um acidente.
Como dizem lá na Itália: "si non è vero, è ben trovato".
O leitor Leonardo Vasconcellos envia e-mail com este vídeo, chamando a atenção para o tanto que a asa dianteira de Lewis Hamilton balança com a turbulência gerada pela Force India de Giancarlo Fisichella.
Repare no replay onboard, aos 29 segundos do vídeo.
Assim que Hamilton tira sua McLaren de trás do carro de Fisichella, a asa dianteira volta ao normal. Até então, chacoalhava para todo lado.
Um exemplo bastante ilustrativo para entender as dificuldades de ultrapassagem na F1 atual.
O Baú de hoje é manjado, mas vale pelo significado do fim de semana. Amanhã, em Long Beach, a ChampCar, outrora Cart e reconhecida pelos mais apaixonados como a "verdadeira Indy", disputa a última corrida de sua história.
Uma categoria que viveu seu auge no final dos anos 80, começo dos 90 e que por um breve momento ameaçou o reinado da Fórmula 1, atraindo para suas pistas estrelas como Nigel Mansell e Emerson Fittipaldi. Ayrton Senna, maior expoente do automobilismo mundial na época, ameaçou uma mudança para os Estados Unidos no final de 1992, insatisfeito com a saída da Honda da F1 e sem uma perspectiva real de mudar-se para a Williams, que no ano seguinte seria um feudo Prostiano.
Na prática, o brasileiro não pretendia deixar a F1, mas fez uma série de ameaças como tirar um ano sabático ou competir nos EUA apenas para exercer pressão política sobre Bernie Ecclestone, Ron Dennis e Frank Williams. No final das contas, deu certo. Conseguiu vaga na Williams para 1994 e correu pela McLaren em 1993 recebendo bem mais do que Ron pretendia pagar.
A foto de hoje ilustra o teste de Senna com a Penske, que ocorreu em dezembro de 1992, no circuito misto de Firebird em Phoneix, Estados Unidos. Ao contrário do que muitos acreditam, Ayrton não chegou a testar no traçado oval.
Este baú foi indicado por diversos leitores: Pedro Ivo, Bruno Maia, Rafael Dellevedove, Lucas Lima e Afrânio Pedrosa.
A Super Aguri anunciou hoje o rompimento de sua parceria com o Magma Group, acordo feito às vésperas do GP da Austrália e que havia garantido a participação da equipe na temporada 2008. Agora, sem apoio financeiro, o time japonês corre sério risco de não durar até o fim do campeonato.
A perda de uma equipe sempre é ruim para a Fórmula 1, mas o fato é que a Super Aguri já foi muito mais longe do que se imaginava. Para um time que anunciou um ingresso às pressas na categoria no começo de 2006, utilizando chassis da Arrows com quatro anos de defasagem, poucos acreditavam que fosse possível chegar ao final da primeira temporada. Eu, por exemplo, não acreditava nem que haveria estréia.
Com pouco dinheiro, mas com competência, o time de Aguri Suzuki fez um brilhante campeonato em 2007, ponto alto de sua história, quando andou boa parte do ano à frente de Honda e Toyota, as primas ricas entre as equipes nipônicas. A imagem emblemática daquela temporada foi a fantástica ultrapassagem de Takuma Sato sobre a McLaren de Fernando Alonso no Canadá. Porém, a Honda foi retirando boa parte de seu apoio e a Super Aguri parece agora não ter mais condições de garantir sua subsistência. Uma pena.
A Ferrari levou à pista hoje em Montmeló uma novidade aerodinâmica que deve estrear oficialmente no GP da Espanha, daqui a duas semanas. Trata-se de um novo bico, com um furo no topo, na altura da suspensão dianteira, para melhorar o fluxo de ar e gerar mais downforce na frente do carro.
O mais curioso é que esta idéia nasceu, em agosto do ano passado, de um fã de automobilismo, estudioso da área técnica. Ele postou esta sugestão de bico, na época, no fórum F1technical.net.
Alguns meses depois, uma das principais equipes da Fórmula 1 pega a idéia e aplica. Para quem ainda não se deu conta, é apenas mais uma prova da revolução digital e do poder que a Internet tem.
Felipe Massa foi o mais rápido hoje, com um tempo quase 3s melhor que o segundo colocado Alex Wurz. Mas tal diferença não se explica só pelo bico esburacado. O brasileiro fez sua volta voadora com pneus slick, novidade para 2009 que também está sendo testada.
Olá, gostaria de perguntar o que ocorre com essa foto. O carro é de Niki Lauda, mas e esse capacete? - Eduardo Mobili
Eduardo, quando retornou à F1 depois das sabáticas temporadas de 1980 e 1981, Niki Lauda reapareceu com um casco diferente, branco, tendo como grafismo um desenho que remetia à Lauda Air, sua companhia aérea.
Ele disputou toda a temporada de 1982 com esta pintura. Apenas no ano seguinte ele retomou o vermelho original, com o logo da Lauda Air negativado. Foi com esta pintura que ele conquistou o tricampeonato em 1984 e encerrou a carreira na temporada seguinte.
A equipe Onyx durou muito pouco na Fórmula 1, coisa de duas temporadas. E, neste período, sua característica mais marcante foi a pintura de seus carros, uma corajosa combinação de azul, branco e cor-de-rosa.
Em meados de 1990, quando o time já estava economicamente combalido, um de seus sócios assimiu o controle, o excêntrico colecionador de automóveis Peter Monteverdi. O sujeito até tinha um passado como construtor de carros, mas até então, sua ligação mais forte com o automobilismo era o museu que possuía na Suíça, construído onde outrora funcionou sua fábrica. Com a troca de comando, a Onyx mudou seu nome para Monteverdi, tirou o rosa da pintura e colocou um verde limão, mas deixou de existir logo depois.
A foto do baú de hoje, no entanto, mostra um Monteverdi-Onyx que nunca disputou um Grande Prêmio. Trata-se do modelo que a equipe preparava para o campeonato de 1991, guiado por JJ Lehto. O teste aconteceu ainda na metade de 1990, o que mostra que a gestão de Monteverdi não era assim tão desorganizada. Mas sem dinheiro no caixa, ninguém sobrevive, e a Onyx virou pó antes que a temporada tivesse chegado ao fim.
Com bastante freqüência recebo e-mails de leitores com dúvidas sobre imagens, vídeos ou fatos relativos à história da F1. Não que eu sempre saiba tudo, mas sempre acabo dando um jeito de descobrir.
Assim, resolvi transformar essas "consultas" em uma seção do blog, na qual posso ajudar a acabar com determinados questionamentos dos leitores. Se você tem alguma dúvida, Pergunte ao Capelli. Mas faça uma pergunta bacana, a intenção não é brincar de "pegadinha", como a gente faz na Rádio GP. Sacanagens a gente deixa para o "Desafio do Capelli", ok?
A questão que estréia a seção vem do Evandro Luiz Silva.
Olá, Ivan. Queria saber se alguém sabe: quando o Michael Schumacher usou esse capacete?
Evandro, esse capacete Schumacher usou no GP do Brasil de 2006, em sua despedida da F1. Na coroa, ele colocou o nome de todas as corridas que venceu. O dragão chinês em dourado já aparecia no desenho em todo aquele ano, mas em tons de vermelho. Era bem discreto, só podia ser visto em imagens detalhadas.
O Renan Falcão, leitor estudante de jornalismo, me encaminhou algumas perguntas para ajudá-lo em uma matéria. Achei que as perguntas que ele fez também poderiam interessar aos blogueiros, então resolvi postar aqui também.
O que você espera de Felipe Massa, é apenas um 'hotlaper' ou um postulante ao título? A imagem de "hotlapper" já está arraigada ao perfil de Felipe Massa, o que não é de todo ruim. Ele sabe ser rápido, é talvez o mais rápido piloto da F1 atual em volta lançada. Mas, para ser um postulante real ao título, precisa combinar esta velocidade com uma consistência que ainda não lhe é peculiar. Massa oscila demais durante as provas, faz voltas muito rápidas seguidas de outras ruins. O que, na média das 60 voltas de um GP, acaba fazendo diferença. Ano passado ele perdeu o GP da França para Kimi Raikkonen por este motivo, assim como no GP da Malásia deste ano.
Se Felipe adquirir consistência e mantiver a cabeça fria nas situações adversas, pode sim ser um forte postulante ao título.
Diferente do ano passado, quando teve um início desanimador, Kimi Raikkonen já é o líder do campeonato. Ele pode ser o 'homem a ser batido'? Creio que sim. É o atual campeão, o que automaticamente o torna uma referência. Com Alonso fora de combate num carro muito fraco, ele é o homem a ser batido. Lewis e Felipe são os adversários mais próximos, mas o favoritismo é todo dele.
Até que ponto a troca de Alonso por Kovalainen mudou alguma coisa na McLaren? Sem dúvida mudou. Primeiro, no ambiente. Alonso tem o "dom" de tornar o ambiente pesado, onde quer que esteja. Reclamava de todo mundo na Renault, reclamava de todo mundo na McLaren e agora já reclama de novo da Renault. O espanhol não é nada hábil em seus relacionamentos e atrapalha muito na motivação de um time. Por este aspecto, a saída de Alonso foi um alívio para a McLaren. Porém, ao mesmo tempo, o time ficou carente de uma referência, de um líder. Lewis Hamilton tem todo o talento do mundo para ser campeão e tornar-se uma referência na F1, mas tem apenas 23 anos e está em seu segundo ano de F1. O resultado a gente está vendo, erros atrás de erros e uma equipe atrapalhada durante treinos e corridas. Heikki Kovalainen é um bom piloto, mas sofre por ter pouca experiência, assim como Lewis. A grosso modo, vejo a McLaren "acéfala" em 2008.
Depois do escândalo, pode-se cravar o fim da 'era Mosley'? Em que uma mudança na presidência da FIA mudaria na F1? Acho que Mosley cai sim, mesmo com a votação secreta. E, ainda que não caia, certamente não se reelege. Então, a era Mosley está, sim, condenada. As mudanças que podem vir dependem muito do novo presidente, o que ainda é um mistério. Caso o substituto seja alguém intimamente ligado às montadoras, provavelmente algumas medidas que eram idéias próprias de Mosley para conter o domínio das montadoras cairão. As questões da aerodinâmica padronizada e dos tetos orçamentários, nesta hipótese, serão revistos.
Podemos ter um campeonato tão apertado quanto no ano passado? E o que esperar das etapas de Valencia e de Cingapura? Dificilmente o campeonato será tão apertado como 2007, até porque, ao que parece, temos apenas dois pilotos na briga: Kimi e Massa. A Ferrari reina soberana e, salvo algum grande salto de qualidade de BMW ou McLaren na fase européia do campeonato, somente os dois chegarão ao final brigando pelo caneco.
Sobre as corridas de Valencia e Cingapura, espero imagens espetaculares e corridas chatas. Os dois traçados estão mais para Mônaco do que para Albert Park, provavelmente veremos um trenzinho com raras ultrapassagens. Mas as imagens de Valência, à beira mar e com os carros passando por sobre uma ponte, assim como as luzes artificiais de Cingapura e a arquibancada que passa por cima do traçado, serão impactantes.
Está no ar, desde hoje cedo, a edição 32 da Rádio GP, quinto programa de 2008. Com apresentação de Victor Martins, os debatedores Ivan Capelli, Evelyn Guimarães e Marcus Lellis comentam a vitória de Felipe Massa no GP do Bahrein, o GP de São Petersburgo da Indy e os desdobramentos do escândalo Max Mosley.
A transmissão do GP do Bahrein, sem sombra de dúvidas, deixou a desejar. Além de não ter exibido adequadamente o incidente entre Hamilton e Alonso, a TV também perdeu uma escapada de pista de Felipe Massa e Robert Kubica, logo na segunda volta.
Os dois pilotos saíram da pista em razão da presença de óleo na curva 7, mesmo local em que Nelsinho Piquet viria a rodar logo depois. Foi na seqüência que Kimi conseguiu a aproximação e ultrapassou o piloto da BMW. Um lance que poderia ter decidido a corrida e que passou batido pelas câmeras da FOM.
A equipe McLaren emitiu nota hoje informando que o acidente entre Lewis Hamilton e Fernando Alonso no GP do Bahrein foi provocado por um pedaço de sua asa dianteira que se desprendeu. A partir disso, Lewis perdeu o controle e acertou a traseira da Renault do espanhol.
O curioso é que a asa estava danificada em razão de outro toque, ocorrido na primeira volta. O envolvido? Fernando Alonso! Lewis já havia tocado de leve a asa traseira de seu ex-companheiro de equipe logo nas primeiras curvas da corrida, enquanto ultrapassava a Red Bull de Mark Webber (a roda que se vê à esquerda da imagem acima).
Os atentos leitores Herik e Willian enviaram e-mail avisando que é possível ver o primeiro toque no clipe da corrida, disponível no site oficial da Fórmula 1. Para assistir, basta clicar no botão de "play", com "Bahrain" escrito logo abaixo, na página principal.
Conforme prometido, na edição do último domingo o tablóide News of the World lançou seu segundo petardo contra Max Mosley. A reportagem traz uma entrevista com uma das prostitutas que participaram da orgia que foi parar na capa do jornal.
A prostituta detalha uma série de pormenores da intimidade de Max que não têm a menor relevância, a menos para quem realmente se interessa por detalhes sórdidos da conduta sexual de alguém famoso.
Do que é relevante, a revelação mais surpreendente é a de que a orgia foi filmada por solicitação do próprio Mosley, que gostava de assistir às imagens em casa mais tarde, coisa que já teria feito antes. Para uma figura pública de liderança mundial como ele, deu mole demais.
Mas duas informações são importantes, já que desmentem a defesa do presidente da FIA e podem complicá-lo ainda mais:
1. O tema da "festa" foi um campo de concentração nazista por um pedido expresso do próprio;
2. Mosley solicitou uma "dominatrix" alemã e avisou que falaria em alemão.
Se já estava em maus lençóis, Mosley perde toda e qualquer chance de defesa caso estes relatos sejam comprovados.
E, para provar que não inventou nem aumentou nada, o jornal anunciou que está enviando esta semana um DVD com as cinco horas de gravação da orgia para os oito senadores da FIA.
A atitude do News of the World prova uma coisa: ainda que encoberto pelo manto da "defesa de sua credibilidade", na prática o jornal está atuando ativamente para derrubar Max Mosley. E fica no ar a pergunta: alguém acredita que o tablóide está sozinho nessa?
Fernando Alonso disputou praticamente todo o GP do Bahrein com a asa traseira danificada, em função do choque com Lewis Hamilton na segunda volta. A imagem acima comprova: ficou faltando um belo pedaço do aerofólio. Isso, provavelmente, explica a tão apática participação do espanhol, que terminou a corrida apenas em décimo lugar.
O mau resultado de hoje em Sakhir, com Heikki Kovalainen em quinto e Lewis Hamilton em 13º, quebrou uma seqüência histórica da McLaren. Desde o GP do Brasil de 2006, há 19 GPs, uma corrida não terminava sem um piloto da equipe no pódio.
O número de 19 pódios consecutivos era recorde na história da equipe. A marca anterior era de 13 vezes seguidas, obtida entre os GPs dos Estados Unidos e de Portugal de 1990, com Ayrton Senna e Gerhard Berger.
O recorde absoluto de corridas consecutivas entre os três primeiros pertence à Ferrari, com impressionantes 53 pódios de Michael Schumacher, Eddie Irvine e Rubens Barrichello entre os GPs da Malásia de 1999 e do Japão de 2002.
Positivo: Felipe Massa, com uma vitória segura e sem erros. Não deu chances a Kimi Raikkonen e recuperou-se no campeonato.
Negativo: McLaren. Hamilton largou mal, bateu quando tentava a recuperação e não tinha rendimento para chegar na zona de pontuação. Kovalainen não errou, mas foi apagado e garantiu o quinto lugar, o máximo que poderia fazer. A equipe corre o sério risco de ser rebaixada a terceira força.
- Vitória segura de Felipe Massa, que bateu Kimi Raikkonen com superioridade na briga interna da Ferrari.
- O brasileiro largou melhor que Robert Kubica, disparou na reta a ponto de não precisar dividir a primeira curva e rumou para uma vitória tranqüila. Raikkonen pareceu ameaçar um pouco antes do segundo pit stop, mas Felipe nunca deixou a diferença entre eles diminuir da casa de três segundos, o que tornou a liderança um tanto confortável.
- Destaque para a ótima largada também de Kimi Raikkonen, saltando para terceiro e ultrapassando Robert Kubica logo na segunda volta, numa briga espetacular no final da reta. Projetava-se uma largada ruim das Ferrari por saírem do lado sujo da pista, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário.
- Falando em largadas, a de Lewis Hamilton foi vexatória. Arrancou lentamente, perdeu diversas posições e ainda cometeu um erro bizarro ao bater na traseira de Fernando Alonso quando tentava se recuperar. Perdeu o bico e qualquer chance na corrida, terminando em 13º.
- A McLaren não se achou no Bahrein e não foi páreo sequer para a BMW. Kovalainen não conseguiu brigar com Kubica e Heidfeld, terminando a corrida num modesto quinto lugar.
- Aguardo o GP da Espanha com ansiedade, porque é lá que teremos a noção exata do que a BMW será capaz nessa temporada. Pelo que se viu em Sakhir, a equipe pode se intrometer na disputa entre Ferrari e McLaren, mas é preciso saber se o desempenho foi eventual. Sendo Montmeló um circuito no qual as equipes testam muito durante toda a pré-temporada, todos já sabem como seu carro se comporta lá e trabalham com acertos adequados. A chance de zebras lá é nula e se a BMW andar no ritmo da Ferrari, deixando McLaren para trás, como hoje, estaremos diante da segunda força do campeonato.
- Destaque negativo para a Renault. Chega a ser deprimente ver um piloto do nível de Fernando Alonso ficar o tempo todo preso atrás de uma Toyota, sem qualquer chance de ultrapassagem. Pior ainda foi vê-lo sofrer para ficar à frente de uma Honda nas voltas finais, brigando apenas pela 10ª posição. Quem perde é a F1.
- A Honda, no caso, era a de Rubens Barrichello, que se não foi brilhante hoje, pelo menos fez melhor que seu afobado companheiro de equipe. Button bateu em Coulthard quando brigava apenas pela 20ª posição, depois de uma largada ruim.
- Méritos para Giancarlo Fisichella, que levou uma Force India à 12ª colocação, à frente da Toro Rosso de Bourdais e da Williams de Nakajima. O japonês, por sinal, honrou o pai ao atrapalhar Raikkonen e Kubica quando retardatário.
- Nelsinho Piquet largou bem e ganhou três posições, até que rodou e seguiu numa corrida discreta, até o câmbio quebrar.
- Campeonato pra lá de embolado. Kimi 19, Heidfeld 16, Hamilton 14, Kubica 14, Kovalainen 14, Massa 10. Nos construtores, BMW 30, Ferrari 29, McLaren 28. Os bávaros, por sinal, são a única equipe a subir ao pódio nas três corridas do ano. Já fizeram mais do que em todo o ano passado, quando conseguiram chegar entre os três primeiros em apenas duas ocasiões.
- Felipe conseguiu hoje vencer sua primeira corrida sem largar da pole position. Não que a história da prova tenha sido muito diferente de suas outras cinco vitórias: fez a primeira curva na frente, dominou e venceu. A pecha de “só vence quando sai da pole”, agora, cabe apenas a Lewis Hamilton.
- A reparar a expressão feliz, mas contida, de Felipe Massa ao final da corrida. Comemorou sem afetação, sem aquela expressão de “puxa, olha aonde cheguei!”. É um bom sinal. Comemorar cada vitória como se fosse a última não é uma característica psicológica de campeões. Impressiona a maturidade do brasileiro e, por isso, não é de se duvidar que ele ainda possa chegar lá. Velocidade tem, falta domar o ímpeto.
- A vitória veio no momento mais difícil de sua carreira, com pressões internas e externas. Essa era a corrida para dar a volta pro cima e encaminhar um bom campeonato. Um novo fracasso hoje e o futuro de Felipe estaria seriamente condenado. Ele sabia disso e saiu-se muito bem, motivo pelo qual merece uma nota 10.
A pole position obtida hoje por Robert Kubica não foi histórica apenas por ter sido a primeira de um piloto polonês na história da Fórmula 1. Guiando uma BMW, Kubica obteve a primeira pole de um carro alemão na categoria em 46 anos.
Desde que Dan Gurney saiu na frente no GP da Alemanha de 1962, com um Porsche 804, um carro de fabricação alemã não largava na posição de honra na Fórmula 1. A Mercedes, tradicional montadora germânica, vem conquistando grandes resultados em parceria com a McLaren, que é uma equipe britânica.
Já a BMW Sauber, apesar de ter sede na Suíça, é considerada uma equipe alemã.
Com a pole de Robert Kubica para o GP do Bahrein, a equipe BMW quebrou uma hegemonia de McLaren e Ferrari, que já durava mais de um ano e meio. A última vez em que o pole position não foi um carro vermelho ou prata aconteceu em outubro de 2006, quando Fernando Alonso saiu em primeiro com a Renault no GP da China. De lá para cá, só Ferrari ou McLaren vinham saindo na frente.
O resultado de hoje foi a primeira pole da história da equipe BMW Sauber. Desde o GP dos EUA de 2005, quando Jarno Trulli terminou a classificação em primeiro lugar com a Toyota, uma equipe não debutava na pole na Fórmula 1.
- Robert Kubica marcou a pole para o GP do Bahrein, um resultado surpreendente pelo andamento do treino de classificação. A pole de Felipe Massa parecia certa, o brasileiro era disparado o mais veloz na pista, mas cometeu um pequeno erro na última volta e foi relegado ao segundo lugar.
- Já era chegada a hora de uma pole para o polonês, assim como para a equipe BMW. Kubica é dos melhores pilotos da categoria e tem um futuro promissor. A primeira vitória está perto, é bom não duvidar.
- Kimi Raikkonen, que sai em quarto, fez uma classificação bastante apagada. Em nenhum momento brigou pelas melhores voltas, chegando a ficar 0,8s atrás de Felipe Massa na segunda parte do treino.
- Lewis Hamilton sai em terceiro, num treino no qual também não brilhou.
- A se destacar, mais uma vez, o bom treino de Trulli com a Toyota. Larga em sétimo, tendo chegado a ser o segundo mais rápido na Q1.
- A Williams voltou a repetir o bom desempenho da Austrália, com Nico Rosberg em oitavo.
- Jenson Button conseguiu muito mais do que se esperava da Honda e sai em nono. Rubens Barrichello ficou de fora da superpole e terminou o treino em 12º.
- Decepção para as Red Bull e Toro Rosso. David Coulthard conseguiu cair fora logo na primeira fase da classificação, enquanto Mark Webber, participante habitual da superpole, ficou em 11º. Na equipe satélite, 15º para Bourdais e 19º para Vettel, que não vive um bom final de semana.
- A situação da Renault é realmente muito ruim. Mesmo com um piloto da estirpe de Fernando Alonso ao volante, não conseguiu ir além do 10º lugar. Imagine então o que seria se o espanhol não estivesse na equipe. Nelsinho Piquet sai em 14º.
- O fato é que Felipe foi dominante durante todo o final de semana até aqui, não dando chances aos demais pilotos. Não tivesse errado, faria a pole com alguma facilidade. Surge como favorito à corrida, mas desde que consiga saltar à frente de Kubica na largada ou não se deixe afobar, caso o polonês continue em primeiro depois da primeira curva. Ao que tudo indica, a BMW está com uma estratégia diferente, não chega a ser páreo para a Ferrari. Se não errar, o brasileiro tem tudo para vencer.
- É arriscado, mas vou palpitar. Se o vencedor amanhã não for Felipe, primeiro lugar para Lewis Hamilton.
A Ferrari apareceu hoje no Bahrein com uma pintura diferente daquela utilizada nos GPs da Austrália e da Malásia. Os italianos apertaram "Ctrl+i" e retiraram o itálico do código de barras da Marlboro, sobre o cofre do motor. Ficou menos pior, mas a solução ainda é agressiva. As listras discretas do ano passado eram muito mais elegantes.
Mudanças também no aerofólio traseiro. Outrora pintado totalmente de vermelho, agora ele voltou a receber os rabiscos do patrocinador.
Pelo pouco que pude acompanhar dos treinos livres de hoje, a impressão que passa é a de que a Ferrari está sobrando para este GP do Bahrein. Felipe Massa fez uma volta fantástica nos últimos minutos da segunda sessão e fechou o dia na frente, quase um segundo à frente de Kimi Raikkonen.
Mas o brasileiro minimizou o feito, garantindo que estava trabalhando coisas diferentes de Kimi e que a grande diferença não é real. Porém, se considerarmos que em Sepang ele fez a pole quase meio segundo à frente do companheiro, mesmo com estratégias semelhantes, é bom não duvidar. Felipe anda muito bem em Sakhir e é um dos mais rápidos pilotos em volta lançada da F1 atual. Melhor até que Alonso e Kimi, talvez rivalize com Lewis Hamilton e Mark Webber. Só precisa converter isso em constância durante as corridas.
As demais equipes estão atrás de binóculo e, salvo alguma grande surpresa, Kimi ou Felipe saem do Bahrein com dez pontos no bolso.
Se você não viu o resultado dos treinos, confira aqui.
Depois das notícias de hoje, creio que a posição de Max Mosley ficou insustentável. BMW e Mercedes emitiram uma nota conjunta reprovando a atitude do dirigente e, indiretamente, pedindo seu afastamento. Toyota e Honda também querem a cabeça de Mosley.
Em sua réplica, o ainda presidente da FIA foi infeliz. Lembrou o envolvimento de Mercedes e BMW na Segunda Guerra Mundial, indiretamente ligando o passado das companhias ao movimento nazista. Não é batendo de frente com as montadoras, com acusações duras como essa, que conseguirá se manter no cargo.
Já está disponível a Rádio GP nº 31, quarta edição de 2008. Desta vez, com uma apresentação diferente: Ivan Capelli comanda os microfones, com comentários de Bruno Vicaria, Evelyn Guimarães e Marcus Lellis. Os assuntos principais foram o GP de Homestead da IndyCar, o GP da Espanha da MotoGP e o escândalo envolvendo Max Mosley. Debatemos os limites entre o público e o privado, as questões morais e políticas do fato e o futuro do presidente da FIA.
Para ouvir, acesse o Blog da Rádio. E meta bronca nesse aprendiz de apresentador.
E depois de dois dias de silêncio absoluto, Max Mosley surge com uma resposta sobre o escândalo sexual. O presidente da FIA admite que é ele quem aparece no vídeo, mas nega o teor nazista da brincadeira.
A estratégia é óbvia. O grande problema das imagens reveladas pelo tablóide inglês, fora o grande embaraço pessoal em ver sua intimidade devassada, é justamente a referência ao nazismo. O que pode derrubá-lo da presidência da FIA não é a descoberta de que gosta de levar uns sopapos e chicotadas, mas sim a nociva relação entre esporte e intolerância, agressividade, racismo e tudo o mais que decorre de uma ligação com o nazi-fascismo.
Vale lembrar que o centro do automobilismo europeu vem, aos poucos, migrando para a Alemanha. O maior campeonato de carros de turismo do continente já está lá, a Fórmula 3 germânica cada dia ganha mais importância que a inglesa, BMW e Mercedes disputam a ponta da Fórmula 1, a Toyota escolheu Colônia como sede, há cinco alemães no grid de largada da categoria em 2008...
Em resumo: o dinheiro está vindo de lá. Por conseqüência, o poder também. Imaginem agora a revolta e indignação dos alemães, que vêem a passagem mais dolorosa de sua história sendo utilizada "de brincadeirinha" para realização de uma fantasia sexual de um político poderoso. Duvido que não queiram a cabeça de Mosley numa bandeja.
Max pode até não cair agora, mas dificilmente se reelegerá nas próximas eleições da FIA. Obviamente, sabendo do risco que corre, provavelmente não mais se candidatará à reeleição. O tablóide - e quem mais estiver por trás desse vídeo - acabou com a carreira do velho Max. Tem coisas com as quais não se brinca, e o nazismo é uma delas.
Recebi da assessoria de comunicação da Petrobras uma resposta formal a respeito das críticas que fiz ao comercial que atualmente é veiculado na televisão. Simpática a atitude deles. Eis a resposta:
"Para a Petrobras, o objetivo de comunicação do comercial em questão foi destacar o atributo - tecnologia - da marca Petrobras e promover - na mente dos telespectadores - a associação imediata entre a gasolina da Petrobras utilizada na Fórmula 1 e aquelas disponíveis nos postos de serviços da Petrobras. Sendo assim, a função da imagem do Gol GTI no filme Inovações foi apenas ilustrativa, ou seja, registrar a fase de implantação do turbo no Brasil.
Além disso, em termos de estratégia de comunicação, não é do interesse da Petrobras - uma empresa de energia de classe internacional - dar publicidade ao primeiro automóvel turbo fabricado no Brasil, ou ao primeiro carro de passeio que utilizou freio a disco ou suspensão eletrônica. Interessa, à Petrobras, divulgar a sua marca, seus produtos e serviços, motivo pelo qual não afirmamos, em momento algum, que o Gol GTI foi o primeiro carro brasileiro de passeio que circulou com motor turbo.
Para concluir, repetimos que as imagens utilizadas no filme serviram para elucidar o conceito de antecipação de futuro criado pela Petrobras, que é fornecer, hoje, o combustível de amanhã. Estamos diante de um fato inusitado e de alto interesse para o consumidor. A inovação tecnológica - que sempre veio das pistas de corrida para os carros de passeio - teve agora sua mão invertida, ou seja: veio, pela primeira vez, das ruas para a Fórmula 1, agora utilizando biocombustíveis."
Agradeço o retorno da Petrobras, mas só faço uma pergunta. Será que eles leram a crítica corretamente? Porque em nenhum momento falei do Gol GTI ou de problemas com referência aos carros de passeio. As mancadas listadas por mim passaram ao largo na resposta. Senti cheiro de resposta padrão para reclamações que foram feitas por outros internautas. Estranho.
O Alexandre Carvalho enviou esta ótima dica de vídeo. Meio antigo, mas vale. Um humorista simulou como seria uma entrevista da Kimi Raikkonen logo após uma suposta vitória no GP da Espanha do ano passado.
Hilário.
Atualização: Leitores me avisam que o comediante do vídeo é o James Hinchcliffe, piloto canadense da Atlantic Series e da A1GP. A informação tornou a esquete ainda mais bacana, pelo menos para mim. Tomara que seja um bom piloto e tenha sucesso, seria o máximo ver um cara desses na Fórmula 1 ou na Indy.
Este é o espaço no qual Ivan Capelli fala sobre automobilismo e alguns pormenores do cotidiano, com seu ponto-de-vista bastante particular. Além disso, toda terça-feira, uma charge sobre automobilismo.
Jornalista, 30 anos, um chato que dá pitaco em quase tudo sobre automobilismo. Além de manter este blog, Capelli colabora com o site Grande Prêmio, escreve uma coluna mensal no GP Total e co-produz e co-apresenta o podcast Rádio GP.