O amigo Pandini já tinha feito essa observação no blog dele, mas só hoje consegui fazer esse post, que está na gaveta há alguns dias.
Na semana do GP da Austrália, a Petrobras lançou um novo comercial, exibido no Brasil durante os treinos e corridas da Fórmula 1. O intuito é elencar algumas tecnologias surgiram na categoria e mais tarde foram incorporadas aos carros de rua, fazendo a relação com a Petrobras, que "inverte" a ordem das coisas, colocando na F1 um combustível que todo cidadão já consome em seus postos há algum tempo. Até aí, é tudo válido. O que não vale são as impressionantes incorreções históricas da peça.
Na primeira cena, o locutor informa: "Nos anos 60, o freio a disco chegou às pistas."
A imagem que se vê?
Uma largada em Mônaco, cheia de carros com motores dianteiros. A julgar pela Mercedes de Stirling Moss, é em 1955. Não tem nada de anos 60 na imagem.
Na tentativa seguinte, o texto diz: "Em 70, os pilotos ganharam motores turbo."
Para começar, os motores turbo não chegaram em 1970, mas sim em 1977. E a imagem é de uma Williams FW07, de 1979. Que nunca teve um motor turbocomprimido. A primeira Williams turbo data de 1983.
E o festival de patacoadas prossegue: "Na década de 90, a suspensão eletrônica chegou às corridas."
Não. A suspensão eletrônica (ou ativa, como preferirem) chegou em 1987. E o carro que aparece rodando em Imola é uma Benetton B190, com pintura de 1991. A primeira Benetton com suspensão ativa só apareceria em 1992.
Tudo bem que imagens de arquivo não são coisas simples de se conseguir, que preparar um anúncio como este é complicado, tudo isso eu reconheço. Mas o grande problema é o fato do comercial não acertar nenhuma das referências históricas a que se propõe.
Além de tudo, trata-se de uma peça que tem o propósito de ser veiculada justamente durante corridas de automóvel. É uma propaganda direcionada, feita para um público específico que conhece e entende do assunto. É querer demais pedir para que façam direito?
Não sei quem é a agência que cuida da conta da Petrobras. Mas a nota eu já sei. É zero.
Para quem tiver curiosidade, o comercial está neste link do Youtube. Mas o autor perdeu os primeiros segundos.Etiquetas: Comerciais, Curiosidades, Petrobras |