O triunfo de Kimi Raikkonen hoje em Interlagos representou a vitória do espírito de equipe sobre a vaidade. Enquanto a Ferrari manteve-se unida, mesmo nos piores momentos, quando descobriu que havia um espião em seu seio; a McLaren se perdia em brigas de beleza e com o destempero de suas estrelas.
Fernando Alonso não aceitou ser tratado de maneira igual a um novato dentro da equipe. Brigou lá dentro, escancarou as feridas quando botou a boca no mundo. Ron Dennis não agüentou a insubordinação de seu piloto e tomou as dores de Lewis Hamilton, rachando o time. O inglesinho não aceitou o breve momento em que Alonso parecia ter vencido a briga política dentro da McLaren e tudo explodiu na classificação para o GP da Hungria, quando Dennis lhe pediu que desse passagem para que o espanhol queimasse mais combustível e ouviu como resposta um sonoro "Fuck you, fuck you".
Alonso deu o troco na hora, segurando o companheiro no box. Quando ouvia bronca do patrão, fez chantagem ameaçando contar o que sabia sobre o caso de espionagem e a partir daí a equipe desmoronou. Não por acaso, dali para a frente a McLaren venceu apenas mais duas corridas, em seis.
Felipe Massa, hoje, sacrificou-se em nome do time. Visivelmente, não estava satisfeito com o resultado, mas tinha a consciência de que, muitas vezes, é preciso fazer prevalecer o interesse coletivo sobre o individual. Mesmo num ambiente tão feroz e competitivo como a Fórmula 1, ninguém vence sozinho. E se Hamilton estivesse em sexto hoje, na última volta, podendo ser campeão caso Alonso encostasse seu carro? O espanhol faria este sacrifício? É claro que não.
A McLaren lambe as feridas e termina o ano de 2007 completamente esfacelada. Ron Dennis, Norbert Haug, Fernando Alonso e Lewis Hamilton terão muito o que pensar durante as férias.Etiquetas: Análises, Felipe Massa, Fernando Alonso, Ferrari, GP do Brasil, Kimi Raikkonen, Lewis Hamilton, McLaren |