- Corrida história na Itália, como já se imaginava que poderia acontecer. Primeira corrida com chuva em Monza em quase 60 anos, disputas intensas na pista, vitória mais jovem de todos os tempos, primeira conquista de uma equipe que um dia foi a Minardi. Precisa mais?
- Sebastian Vettel foi surpreendentemente dominador. Liderou a corrida toda, perdeu a ponta apenas entre os pit stops e foi o melhor no encharcado, no molhado, no úmido e no seco. Quem diria que a Toro Rosso seria capaz?
- Imaginei que, na chuva, Vettel tivesse alguma chance de vitória, mas jamais pensei que pudesse ser dominador também no seco. Que Toro Rosso é essa?
- Todos os méritos do mundo para o alemãozinho da equipe B da Red Bull mas, convenhamos... Heikki Kovalainen não é de nada. Com a McLaren que tinha na mão, tinha a obrigação de, pelo menos, dar um calor em Vettel. Comboiou o adversário por toda a corrida, sem, em qualquer momento, ter dado pinta de que poderia vencer. Segundo colocado, chocho.
- O pódio foi completado por Robert Kubica que, mesmo sem brilhar, soube usar da estratégia para saltar do 11º para o terceiro lugar.
- Gerhard Berger, emocionado no pódio para receber o troféu de construtor vencedor, certamente viveu um flashback de 20 anos atrás, quando ouviu o "Fratelli d'Italia" diante dos tifosi em Monza, numa corrida histórica. O ponto alto de sua carreira como piloto repetiu-se, no mesmo lugar, como dirigente. Lindo momento.
- Depois de Vettel, o nome da corrida? Lewis Hamilton, sem dúvidas. Atacou a prova inteira, escalou os pelotões com vontade, realizou ultrapassagens magníficas e ganhou oito posições, como Kubica. Não tivesse parado a chuva, o obrigando a um pit stop extra para colocar pneus intermediários, poderia até ter vencido.
- Hamilton precisa, apenas, domar sua agressividade. Em alguns momentos, ousou de mais para um pretendente ao título. Precisava atacar, é lógico, mas se sujeitou a riscos em excesso em certas manobras. No final, contudo, evitou um ataque kamikaze a Felipe Massa e conformou-se com o sétimo lugar. Colocou a cabeça no lugar.
- Felipe não é nenhum sapo, a gente sabe. Mas sua corrida em Monza pode ser considerada boa, dentro de suas próprias possibilidades. Peitou Rosberg com uma linda ultrapassagem por sobre as zebras, fora de suas características em piso molhado. Com uma cautela até excessiva, a Ferrari pediu que devolvesse a posição, a fim de evitar uma punição que, creio eu, não aconteceria.
- O brasileiro sai de Monza a apenas um ponto de Lewis Hamilton, num campeonato totalmente aberto. No entanto, perdeu uma grande oportunidade de assumir a liderança.
- Agora... a corrida de Felipe pode ser vista de forma diferente se considerarmos o que fez Kimi Raikkonen. Há duas leituras possíveis. Felipe foi excepcional, se entendermos que Kimi, com o mesmo carro, lutou o tempo inteiro sem conseguir passar do nono lugar. Ou então Felipe fez o que estava dentro das capacidades da Ferrari e o finlandês correu com o interruptor desligado. Qual a sua leitura?
- Fernando Alonso e Nick Heidfeld, fazendo o melhor uso da estratégia de uma parada ao colocar diretamente os pneus intermediários, intrometeram-se entre os primeiros. O quarto lugar do espanhol é seu melhor resultado no ano, enquanto Nick foi osso duro para Felipe Massa na briga pela quinta posição. Não se deixou ultrapassar e o brasileiro preferiu não mais arriscar nas voltas finais.
- A Honda anda tão mal que, nem mesmo nas condições preferidas, Rubens Barrichello consegue fazer uma boa prova. Andou lá atrás o tempo todo e chegou apenas em 17º, entre 19 que terminaram a corrida.
- Nelsinho Piquet fez um dos stints mais longo do GP, reabastecendo apenas na 35ª volta. Ganhou sete posições, mas chegou apenas em 10º. Insuficiente para marcar pontos e bem atrás de seu companheiro Alonso, quarto.
- Corrida com apenas um abandono, de Giancarlo Fisichella, que se estranhou com David Coulthard. O escocês, por sinal, também dividiu perigosamente a parabólica com Kazuki Nakajima. Impressionante o quanto Coulthard, tido e visto como cauteloso em excesso em seus tempos de McLaren, virou uma ameaça aos demais pilotos em seus últimos anos na Fórmula 1. A média é de quase um incidente por prova.
- Gosto amargo para Sebastien Bourdais. Saía em quarto lugar, tinha tudo para fazer uma dobradinha histórica no pódio com seu companheiro Vettel, mas viu seu sonho ruir quando o carro não conseguiu arrancar para a volta de apresentação. Perdeu uma volta e andou a prova toda na rabeira, tendo condições para fazer bem mais que isso. Chegou em penúltimo, à frente apenas da Force India de Sutil. Ameaçado de aposentadoria precoce, o francês merecia melhor sorte.
- Campeonato: Hamilton 78, Massa 77, Kubica 64, Raikkonen 57. Com 40 pontos em jogo, 21 atrás do líder, o finlandês é carta fora do baralho. Tudo bem que no ano passado ele descontou 17 pontos em 20 na reta final, mas todos sabemos que foi uma situação excepcional. Não acontecerá novamente. Lewis e Felipe brigarão, ponto a ponto, até o GP do Brasil.
- Favorito? Não há. O inglês se mostra um piloto mais completo que o brasileiro, mas exagera na dose muitas vezes e assume riscos desnecessários. Deve ter aprendido com as lições do ano passado, mas dá mostra que o instinto fala mais alto muitas vezes. Felipe pode não ter o mesmo talento natural de Lewis, mas parece viver um momento psicológico único na carreira, estando pronto para o campeonato. Será uma briga fantástica.
- Nos construtores, a McLaren encostou ainda mais na Ferrari: 134 x 129.
- Daqui a duas semanas, Cingapura. Corrida noturna, na rua, mais uma incógnita nesta imprevisível temporada 2008. Campeonato muito divertido, cheio de atrativos e novidades.
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