Spa-Francorchamps, 28 de agosto de 1994. Michael Schumacher chega em primeiro no GP da Bélgica, conquistando sua oitava vitória em 11 corridas e encaminhando seu primeiro título mundial. Mesmo sabendo que precisaria cumprir duas provas de suspensão por ter ignorado uma bandeira preta em Silverstone, a vantagem de 35 pontos que tinha sobre Damon Hill, segundo colocado na prova, era segura o suficiente para que ele voltasse para as últimas três corridas do ano com 15 pontos à frente, ainda que seu adversário vencesse na Itália e em Portugal. E poderia até viver o inusitado de ser campeão sem estar na pista, caso o inglês não conseguisse marcar mais que cinco pontos nas duas etapas.
Schumacher salta no pódio, sorri e comemora. Sai dele, vai para a coletiva, volta para o motorhome relaxado. Até que, minutos depois, um baque. Os comissários identificam que a prancha de madeira sob sua Benetton - novidade do regulamento introduzida 30 dias antes, em Hockenheim - estava com um desgaste de 1mm acima do permitido. Um milímetro. Resultado: desclassificação.
Nos boxes da Williams, comemoração. Damon Hill foi declarado vencedor da prova e viu, numa canetada, a diferença de Schumacher despencar de 35 para 21 pontos. O alemão não mais poderia ser campeão durante suas férias forçadas e mais: poderia voltar com apenas um ponto de vantagem em caso de dupla vitória do inglês. O que, de fato, terminou ocorrendo e culminou na infame decisão num acidente em Adelaide.
A decisão foi controversa, já que a Benetton tinha uma justificativa bastante plausível. Na volta 19, o alemão perdera o controle do carro e o deixara rodar, raspando a prancha de madeira por sobre a zebra. O incidente explicaria o desgaste, causado pelo imprevisto e não por uma regulagem que tivesse deixado o carro propositalmente mais baixo.
Os comissários foram rígidos e confirmaram a polêmica desclassificação de Schumacher, tal qual no caso da punição a Lewis Hamilton hoje, no mesmo GP da Bélgica. Quando Marx disse que "a história se repete como farsa", não imaginava que o dito, um dia, poderia se espelhar numa corrida de automóveis.Etiquetas: Análises, Curiosidades, GP da Bélgica, História |