Campeão mundial de Fórmula 1 em 1961, Philip Hill faleceu ontem, nos Estados Unidos. Neste momento em que um dos grandes se vai, em vez de transformar isso em estatística ou preparar uma homenagem piegas, prefiro lembrar quem foi Hill. Assim, transcrevo abaixo o seu verbete na melhor enciclopédia de pilotos já editada em no Brasil, o livro "Os Grandes Pilotos de Todos os Tempos", editado pela Abril em 1974. Bom proveito.
"Hill, Philip (Phil) - Piloto americano, nascido em Miami em 1927, campeão de F1 em 1961 e vencedor, por três vezes, das 24 Horas de Le Mans e das 12 Horas de Sebring. Começou a correr muito jovem, pilotando carros MG, Jaguar e Alfa Romeo. Em 1952, comprou uma velha Ferrari e com ela participou da Carrera Panamericana, classificando-se em sexto lugar.
Em 1954, em parceria com seu amigo Paul Richard ("Richie") Ghinter, conquistou o segundo lugar na última edição da Carrera Panamericana, atrás da Ferrari da equipe oficial, dirigida por Umberto Maglioli. Seu bom desempenho nessa corrida chamou a atenção de Luigi Chinetti, representante da Ferrari nos Estados Unidos, que o indicou à fábrica de Maranello.
Em 1956 Phil Hill passou a integrar a equipe oficial da Ferrari. Nesse ano e no seguinte, disputou na categoria esporte, em dupla com pilotos famosos (Fangio, Musso, Castellotti, Gendebien, Collins e Hawthorn).
Em 1958 venceu os 1000 Km de Nürburgring, as 12 Horas de Sebring, as 24 Horas de Le Mans e estreou na F1 no GP da França, em Reims. Em setembro do mesmo ano, teve excelente desempenho no GP da Itália, em Monza, mantendo-se em segundo durante boa parte da corrida.
Uma ordem do box, porém, obrigou-o a ceder seu posto a Hawthorn, que disputava o título mundial; Hill terminou em terceiro. Isso ocorreria também no GP de Marrocos: quando perseguia o líder da corrida (Moss), teve de reduzir seu ritmo para permitir a Hawthorn obter o segundo lugar e o título mundial.
Em 1959 venceu, com Gendebien, as 12 Horas de Sebring e, na F1, classificou-se em segundo lugar nos GPs da França e da Itália, e em terceiro no da Alemanha. Conseguiu sua primeira vitória na F1 em 1960, no GP da Itála. Com Ferrari esporte, venceu os 1000 Km de Buenos Aires, em dupla com Cliff Allison. Em 1961, com duas vitórias (GP da Bélgica e da Itália) e boas colocações nos outros GPs, tornou-se o primeiro piloto norte-americano a vencer o Campeonato Mundial de Pilotos de Fórmula 1. Ainda em 1961 venceu, em dupla com Olivier Gendebien, as provas de Le Mans e Sebring, com uma Ferrari esporte.
Em 1962, com Gendebien, venceu de novo as 24 Horas de Le Mans e os 1000 Km de Nürburgring. No fim do ano brigou com o comendador Enzo Ferrari e deixou a equipe, junto com o engenheiro Carlo Chiti e o diretor esportivo Romolo Tavani, transferindo-se os três para a equipe ATS (Nota do Capelli: Automobili Turismo e Sport, não a mesma ATS alemã - Auto Technisches Zubehor - que disputou a F1 nos anos 70 e 80). Com o novo carro, porém, Phil Hill não conseguiu bons resultados, terminando por abandonar os monopostos. Contudo, continuou a particiar de corridas com carros esporte. Em dupla com Pedro Rodriguez, pilotando uma Ferrari, venceu as 24 Horas de Daytona, em 1964; com Jo Bonnier, pilotando um Chaparral, os 1000 Km de Nürburgring, em 1966; e com Mike Spence, também pilotando um Chaparral, as 6 Horas de Brands Hatch, em 30 de julho de 1967, sua última vitória importante." O verbete omite apenas uma informação importante. Hill tornou-se campeão mundial no GP da Itália de 1961, pilotando uma Ferrari, numa corrida em que não houve festa. O norte-americano disputava o título com seu companheiro de equipe, Wolfgang von Trips, que perdeu a vida na segunda volta, depois de um acidente com Jim Clark. Seu carro voou sobre o alambrado, matando também 14 espectadores. Foi o acidente mais trágico da história da F1.
PS.: Não, Phil Hill, norte-americano, não tinha parentesco com os britânicos campeões Graham e Damon Hill.Etiquetas: História, Phil Hill |