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15 de março de 2008
Causos da Austrália: a corrida mais curta da história
Postado por Capelli às 16:29

De 1985 até 1995, em Adelaide, o GP da Austrália sempre foi a etapa de encerramento dos mundiais de Fórmula 1. Via de regra, com o título já decidido, a corrida tinha um ar festivo, de despedidas e confraternização. Mas em 1991, o clima era um pouco diferente. Embora o mundial de pilotos já estivesse definido em favor de Ayrton Senna, McLaren e Williams ainda brigavam pelo título de construtores.

A McLaren tinha 11 pontos de vantagem e uma posição levemente confortável. A Williams era obrigada a pontuar com seus dois carros para ter alguma chance de levar o caneco. No treino de classificação, no sábado, definiu-se que Ayrton Senna e Gerhard Berger dividiriam a primeira fila, seguidos pelas Williams de Nigel Mansell e Riccardo Patrese.

Chega o domingo e um temporal desaba sobre Adelaide, uma chuva ainda mais forte do que a de 1989, que provocou uma corrida polêmica e conturbada, com brigas entre os pilotos e a direção de prova que culminaram na desistência voluntária de Alain Prost, logo na primeira volta. Em circunstâncias normais, provavelmente a largada não seria dada, mas a corrida não era normal. Em razão da disputa do título de construtores, havia muitos interesses - leia-se dinheiro - em jogo.

Não houve um protesto formal de pilotos nem ameaças de boicote desta vez. Mas, mesmo contra a vontade da maioria, a largada foi dada normalmente, lembrando que na época ainda não existia a regra do Safety Car. Senna pulou na frente, Mansell assumiu a segunda posição e passou a perseguir o brasileiro. Bastaram poucas voltas para que ficasse claro que a pista não tinha as mínimas condições. Por ser um circuito de rua, Adelaide não tinha um bom escoamento. A água batia nos muros que circundavam a pista e voltava, formando quase que uma piscina. Nessas circunstâncias, a aquaplanagem torna-se inevitável.

Em pouco tempo, já haviam rodado pilotos experientes como Gerhard Berger e Nelson Piquet. A situação começou a ficar mais grave na quinta volta, quando Mansell tirou o carro para o lado interno da longa reta para tentar ultrapassar Senna e deu de cara com a Lamborghini de Nicola Larini atravessada na pista. Do outro lado, estava também atravessada a Ferrari de Jean Alesi, fazendo com que houvesse espaço para apenas um carro passar, no meio da reta. O inglês recolheu e evitou o acidente, mas parecia claro que não havia mais a mínima condição de prosseguir com a corrida. A direção de prova, entretanto, não tomava nenhuma providência. Nem quando, na nona volta, a Minardi de Pierluigi Martini saiu descontrolada em direção ao muro, num claro sinal de aquaplanagem.


Na 14ª volta, a situação se complica muito mais. Maurício Gugelmin bate na entrada dos boxes. Uma volta depois, Gerhard Berger roda duas vezes em curvas consecutivas, ficando atolado na areia na segunda escapada. E Nigel Mansell perde o controle do carro, roda e bate no muro. Ayrton Senna começa a fazer gestos para as câmeras, quase que implorando pela interrupção da prova. E é só aí que a bandeira vermelha é apresentada.

A explicação para a decisão é simples. A FIA não queria intervir na decisão do título de construtores, ainda que isso colocasse em risco a vida dos pilotos. A partir do momento em que uma Williams estava fora de combate, o campeonato estava decidido a favor da McLaren e aí sim, uma medida poderia ser tomada.

Mansell machucou a perna e precisou sair de ambulância da pista. Mesmo assim, a prova não estava dada como encerrada. Os comissários adiaram a relargada sucessivas vezes até que, depois de quase uma hora de espera e sem que a chuva desse trégua, a bandeira quadriculada foi agitada. Foram validados os resultados até a volta 14 e, com isso, Mansell acabou em segundo lugar. Primeiro e terceiro, Senna e Berger rumaram para uma improvisada cerimônia no pódio, sem os bonés dos patrocinadores oficiais e sem a companhia do piloto inglês, que estava sendo atendido no ambulatório. Na coletiva, Senna reclamava do absurdo que foi a corrida, alegando que percorrer a reta em terceira marcha não era correr.

Com apenas 16 voltas completadas e 14 válidas, o GP da Austrália de 1991 entrou para a história como a corrida mais curta disputada até hoje na Fórmula 1.

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