Texto produzido em 2006
Nascido em Shizuoka, no Japão, em 17 de novembro de 1906, Soichiro Honda foi o fundador de um dos maiores impérios industriais de seu país, a Honda Motor Company. A mesma Honda que se tornou um dos nomes mais importantes da história da Fórmula 1. Talvez ainda não como construtora, mas com certeza como a mais eficiente fabricante de motores que já passou pela categoria.
Aos 82 anos, Soichiro comemora com Senna o título de 1988.
A Honda teve 4 distintas passagens pela Fórmula 1: como equipe e construtora, entre 1964 e 1968; como fornecedora de motores, de 1983 a 1992 e de 2000 a 2005; e depois novamente como construtora, a partir de 2006.
Primeiros anos
A primeira aventura da Honda na F1 durou pouco tempo. A equipe participou dos campeonatos de 1964 a 1968, conquistando duas vitórias em 35 participações. Firmava-se como uma das principais construtoras da F1 na época, tendo inclusive em seus cockpits o campeão mundial John Surtees, mas o acidente fatal de Jo Schlesser, a bordo de um dos carros da equipe, no GP da França de 1968, mudou os planos dos japoneses. Abalados com o ocorrido, eles decidiram abandonar a categoria ao final daquela temporada.
Richie Ginther no México, 1965: primeira vitória dos japoneses.
A era de ouro
No começo dos anos 80, encantada com as oportunidades oferecidas pela revolução tecnológica dos turbos, a Honda decidiu reingressar à F1. Mas dessa vez, exclusivamente como fornecedora de motores.
O retorno aconteceu através de uma equipe pequena, a Spirit, em 1983. Mas apenas 6 corridas depois da reestréia, os motores japoneses já impulsionavam a Williams, a última das principais equipes da F1 a aderir à onda turbo. A Williams chegou tarde, mas escolheu a parceira certa: a esta altura, os motores Honda já eram considerados os mais potentes da categoria. E os resultados, logicamente, não tardaram a aparecer. Keke Rosberg venceu o GP de Dallas de 1984, a Williams venceu mais quatro corridas no ano seguinte e o que se viu a partir daí foi um domínio até então desconhecido na história da Fórmula 1.
Johansson guia a Spirit-Honda de 1983.
A dedicação e a disciplina dos japoneses revolucionaram a Fórmula 1. Nos anos 80, quem queria vencer, passou a imitar a Honda. Entre 1986 e 1988, os motores turbo do seu Soichiro venceram 35 das 48 corridas disputadas, conquistaram dois títulos mundiais de pilotos - Piquet em 1987 e Senna no ano seguinte - e três de construtores, com a Williams em 1986 e 1987 e com a McLaren em 1988. O ano de 1988 com a McLaren, aliás, foi um caso à parte. Foram 15 vitórias em 16 provas, num desempenho arrebatador.
Senna e Prost fazem dobradinha em 1988, o ano em que a F1 virou Fórmula Honda
A partir do ano seguinte, a F1 aboliu os turbos e deu lugar à uma nova era de motores aspirados. A supremacia da Honda, entretanto, não acabou. Os japoneses conquistaram, com a McLaren, mais três títulos consecutivos de pilotos e construtores, até decidirem se retirar novamente da categoria ao final de 1992.
O saldo destas 10 temporadas como fornecedora de motores foi impressionante: 69 vitórias, 5 títulos mundiais de pilotos, 6 de construtores e a reputação de ter sido a montadora que revolucionou a Fórmula 1. Se a Renault passou a dominar a categoria nos anos seguintes, foi porque seguiu o modelo de trabalho da Honda.
O retorno
Impulsionada pelo ingresso de seus principais concorrentes à Fórmula 1, a Honda decidiu voltar à categoria em 2000. Chegou a ter planos de uma equipe própria, mas a morte de Harvey Posthletwaite, engenheiro responsável pelo projeto, alterou o curso da história. Os japoneses decidiram apenas fornecer motores para a equipe BAR, mas a parceria não foi de muito sucesso. Apesar de um bom campeonato em 2004, com 11 pódios e uma pole position, os resultados durante todo o período - incluindo aí dois anos de fornecimento de motores também à equipe Jordan - ficaram muito aquém daqueles dos anos 80. Assim, durante o campeonato de 2005, os japoneses decidiram retomar o projeto de equipe própria e compraram a BAR, formando novamente um time 100% Honda, como nos anos 60.
Button conquista a 1ª vitória da equipe Honda depois de 40 anos
Disputando novamente um campeonato como Honda, em 2006, os resultados tornaram a aparecer. Jenson Button venceu o GP da Hungria e deu aos japoneses, quase 40 anos depois, uma nova vitória na Fórmula 1. Senna presta homenagem em Hungaroring
Soichiro Honda, no entanto, não estava mais vivo para ouvir novamente o hino japonês no pódio da Fórmula 1. Ele faleceu em 5 de agosto de 1991, aos 84 anos, com problemas no fígado. Uma semana após sua morte, Ayrton Senna prestou-lhe uma respeitosa homenagem, ao vencer o GP da Hungria e subir ao pódio com uma tarja preta em seu braço esquerdo.Etiquetas: Curiosidades, História, Honda |