 Adams no cockpit da Lotus: bastou acionarem os motores para a alegria acabar rapidinho.
Philippe Adams não mereceria qualquer menção na história da Fórmula 1, nem sequer em notas de rodapé, não fosse o fato de ter sido, provavelmente, o pior piloto da história a ter guiado um carro da lendária equipe Lotus.
Praticamente falida e precisando desesperadamente de dinheiro, a outrora vencedora Lotus se viu obrigada a alugar um de seus cockpits para pilotos aventureiros nas últimas provas da temporada de 1994, como forma de garantir sua sobrevivência pelo menos até o final do ano. E um dos pay-per-drivers que bateram à sua porta foi Philippe Adams, um belga sem muita história no automobilismo (duas vitórias na F3 inglesa em 1992 e só), mas com uma mala cheia de dinheiro.
Negócio fechado, dinheiro no banco, lá foi o feliz Philippe disputar três corridas de F1 pela equipe que um dia teve gênios do estirpe de Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi, Jim Clark e Graham Hill ao seu volante. A estréia, vejam só, seria justamente em casa: no GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps.
Logo nos treinos de sexta pela manhã, com chuva, começou o pesadelo: em sua primeira volta rápida, Philippe Adams perdeu o controle de sua Lotus na entrada da reta dos boxes e foi direto e reto ao guard-rail. Treino interrompido, equipe trabalha para reconstruir o carro, o piloto volta para a pista e "bam!", arrebenta novamente seu carro na reta dos boxes. Dessa vez, batendo de traseira.
 Imagem rara: a Lotus de Adams alinhada e com as quatro rodas no asfalto.
E assim se seguiu o final de semana, com Adams perdendo o controle do carro e rodando por diversas vezes. O belga conseguiu ainda classificação para a corrida, na 26ª e última posição, a longínqüos 13s do pole position Rubens Barrichello. Do companheiro de equipe, Johnny Herbert, levou "apenas" 6 segundos.
Durante a corrida, com tempo seco, até que Adams conseguiu se manter um pouco mais na pista. Porém, na 16ª volta, teve de abandonar. Motivo? Perdeu o controle da Lotus e rodou, ficando atolado na caixa de brita.
Pelo contrato com a equipe, Adams cedeu o cockpit novamente para Alessandro Zanardi para o GP da Itália, mas retornou para sua segunda participação duas semanas depois, em Portugal. O resultado foi menos vexatório, mas não menos pífio. O belga largou em penúltimo lugar, a 2 segundos do companheiro Herbert e terminou a prova na 16ª e última posição, a 3 voltas do companheiro de equipe.
Adams deveria disputar ainda o GP da Europa, em Jerez, mas foi dispensado pela Lotus. "Dinheiro não é tudo", deve ter concluído a equipe, provavelmente procurando encerrar com um mínimo de dignidade sua participação na Fórmula 1. Ao final da temporada, depois de alugar o cockpit para Mika Salo nas duas últimas provas, a equipe fechou suas portas, dando fim a uma história de quase 40 anos, 79 vitórias e 6 títulos mundiais.
Philippe Adams nunca mais foi visto na Fórmula 1. Junto com ele e com a Lotus, desapareceram também os belgas. Ele foi o último piloto nascido na Bélgica a competir na categoria, que já está há mais de 13 anos sem representante do país.Etiquetas: Curiosidades, História, Lotus, Philippe Adams  |