O recado foi dado. Steve Nielsen, gerente esportivo da Renault, disse à agência Reuters que o desempenho de Nelsinho Piquet precisa melhorar, sob risco do brasileiro perder seu emprego na equipe francesa.
É óbvio que Nelsinho precisa melhorar. É obvio também que todos que acompanham a F1 já se questionavam por quanto tempo a Renault daria um desconto ao novato. Por isso, o aviso da montadora não chega a ser novidade, mas preocupa pelo fato do descontentamento interno ter crescido a ponto de se tornar público.
Heikki Kovalainen também não começou bem no ano passado, recebeu críticas de todos os lados, mas nunca teve seu emprego ameaçado por um dirigente via imprensa. Por mais que se tente diminuir a gravidade da situação, apontando para o discurso otimista de Nielsen - "Achamos que ele possui a velocidade necessária", "Ele pode reverter a situação" -, na prática trata-se apenas de eufemismos. É claro que ele não abordaria a situação diretamente a ponto de afirmar: “sim, ele pode ser demitido em breve”. Mas foi isso que ele disse, em tom polido.
A Renault quer resultados, investe pesado para isso e é inadmissível ver um de seus carros largando sempre nas últimas posições, fazendo lambança nas corridas e raramente chegando ao final numa posição honrosa.
Por mais que o histórico de Nelsinho fale a seu favor, com seus títulos e vitórias em importantes categorias de base, isso de nada vale a partir do momento em que se senta em um Fórmula 1. Sua história está sendo escrita de verdade agora, e tanta demora na adaptação pode abreviar uma carreira que surgia promissora. Caso o brasileiro não pontue ou faça exibições consistentes nas próximas três corridas, temo por uma substituição imediata. A F1 não perdoa.
Curioso observar que, dos três brasileiros na categoria atualmente, dois receberam críticas públicas de dirigentes na última semana. Rubens Barrichello recebeu recado parecido de Nick Fry via imprensa, cobrando mais velocidade e resultados. Com ele e Piquet ameaçados, o Brasil corre o sério risco de iniciar a temporada de 2009 com apenas um representante, algo que não acontece há 30 anos, desde 1978. Isso se Felipe Massa não ficar sozinho ainda em 2008. Do jeito que está, eu não duvidaria.Etiquetas: Análises, Nelsinho Piquet, Renault |