- Vitória espetacular de Alonso. Foi o piloto que melhor soube se aproveitar das diferentes condições da corrida e protagonizou uma ultrapassagem de respeito sobre Felipe Massa no final da prova. Assumiu hoje o favoritismo ao tricampeonato.
- Felipe fez uma corrida perfeita até a chuva do final. No momento em que as condições mudaram, o brasileiro caiu muito de rendimento. Embora tenha sido bravo ao brigar com Alonso, era nítido que não tinha condições de segurar o espanhol. Faltou braço?
- O segundo lugar, no entanto, foi muito importante para Massa na briga interna da Ferrari, considerando o abandono de Raikkonen. Com 19 pontos de desvantagem para o líder e 17 para o vice-líder, restando apenas 70 em jogo, o finlandês virou carta fora do baralho. O erro na entrada do box, escapando e voltando para a pista, foi uma das cenas mais patéticas dos últimos tempos, vinda de um piloto de ponta. Sendo que antes ele já havia perdido uma chicane... O título mundial está ficando prateado, se não houver punição da FIA.
- Mas nem a virada interna na Ferrari serviu de consolo para Massa, revoltado com o segundo lugar. É sempre bom ver um piloto indignado com a perda da vitória. A capacidade de se indignar é fundamental para quem quer ser campeão.
- Indignação, todavia, não pode se transformar em má-educação. De extrema antipatia a atitude de Alonso na ida para o pódio. Não havia necessidade para tanta discussão com Felipe num momento de vitória. Até por que não houve indícios de que algum dos dois tenha tentado jogar o outro para fora na disputa pela vitória. Houve um toque, incidente de corrida, sem nenhuma gravidade.
- A parte engraçada da história: um espanhol e um brasileiro discutindo em italiano.
- Loucura total no clima, não se via uma pancada d’água tão grande como esta da primeira volta numa corrida desde o GP do Brasil de 2003. Mas não fazia sentido atrasar a largada. Durante a volta de apresentação, a pista estava seca e em excelentes condições. Porém, quando os carros começaram a aquaplanar, certamente a demora na interrupção da prova deu-se para que mais de três voltas fossem completadas. Caso a bandeira vermelha viesse logo após os acidentes, Hamilton e Raikkonen seriam beneficiados, com tudo começando do zero novamente. Não entro no mérito se isso foi correto ou não, mas é compreensível.
- Em que pese, é claro, o absurdo de um guindaste entrar na pista para recolher os carros enquanto Liuzzi vinha aquaplanando. Poderia ter ocorrido um grave acidente. Também um absurdo haver quase que um rio correndo pela primeira curva do circuito durante a chuvarada.
- Perguntar não ofende: Hamilton não deveria ter sido desclassificado por ser removido da caixa de brita por um guindaste?
- Toque entre Heidfeld e Kubica na largada deve ter deixado Mario Theissen irado, e com razão. O alemão forçou muito a barra, por duas vezes, contra o companheiro. Kubica foi atingido por trás, sem culpa alguma. E Heidfeld estava mesmo em dia inspirado, atropelou também em Ralf Schumacher. A direção de prova disse que iria investigar o caso, mas pelo jeito, acabou em pizza.
- Bela corrida de Webber, seguro em direção ao pódio. Cometeu um errinho na última volta, mas perder o terceiro posto para Wurz seria muita injustiça.
- Falando nele, Wurz, o demitido, é o piloto que mais soube aproveitar as corridas doidas desta temporada. Pódio no Canadá, quarto hoje. Mesmo que seja nitidamente mais lento que o companheiro Rosberg, já tem 13 pontos no campeonato, contra apenas cinco do alemão.
- Não podia faltar o registro: Markus Winkelhock, estreante, liderando as primeiras voltas da corrida com o pior carro da F1. Dia de loucura total.
- Hamilton discreto hoje. Mas, apesar dos erros, fez maravilhosa a ultrapassagem sobre Fisichella. Valeu a corrida.
- Pela primeira vez no ano, uma McLaren deixou de marcar pontos.
- O campeonato mundial virou hoje. Mas pode virar de novo na quinta-feira.
Este é o espaço no qual Ivan Capelli fala sobre automobilismo e alguns pormenores do cotidiano, com seu ponto-de-vista bastante particular. Além disso, toda terça-feira, uma charge sobre automobilismo.
Jornalista, 30 anos, um chato que dá pitaco em quase tudo sobre automobilismo. Além de manter este blog, Capelli colabora com o site Grande Prêmio, escreve uma coluna mensal no GP Total e co-produz e co-apresenta o podcast Rádio GP.